Empatia e arte – poderá um programa de arte numa unidade de saúde familiar influenciar a empatia percecionada pelos utentes?

Autores

  • Teresa Tomaz USF do Minho
  • Ana Marta Neves USF do Minho
  • Benvinda Barbosa USF do Minho
  • Francisco Fachado USF do Minho
  • Pedro Fonte USF do Minho Escola de Medicina/Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, Universidade do Minho

DOI:

https://doi.org/10.35323/revadso.7112019132

Resumo

Introdução: A empatia é uma técnica essencial na relação clínica, podendo ser treinada e aferida. Pensa-se que a exposição dos profissionais de saúde a programas de arte possa melhorar a empatia clínica percecionada pelos utentes; porém, desconhece-se qual a sua influência na comunicação com os utentes. 

Objetivos: Avaliar a influência dum programa de arte na empatia percecionada pelos utentes relativamente aos profissionais de saúde duma unidade de saúde familiar e verificar a relação entre a empatia percecionada pelos utentes e as características sociodemográficas dos mesmos. 

Métodos: Estudo quase-experimental, com avaliação pré e pós-intervenção, conduzido numa unidade de saúde familiar entre janeiro e julho de 2018. Utilizaram-se amostras de conveniência calculadas a partir da população inscrita na unidade de saúde familiar com idade igual ou superior a 18 anos. A intervenção, aplicada aos médicos e enfermeiros, consistiu num programa de arte constituído por três sessões referentes a cinema, literatura e fotografia. Para determinar a influência da intervenção, avaliou-se a empatia pré e pós-intervenção através do questionário “The Consultation and Relational Empathy” e dum questionário sociodemográfico. As associações entre variáveis foram testadas com testes não paramétricos (Mann-Whitney e Kruskal-Wallis) e correlação de Spearman, com um nível de significância de 0,05.

Resultados: Obtiveram-se 390 e 371 questionários antes e após a intervenção. Verificou-se um aumento estatisticamente significativo da empatia percecionada pelos utentes após a intervenção (p=0,001). As únicas associações estatisticamente significativas verificadas foram com a escolaridade (p=0,000) e situação profissional (p=0,0001) no período pré-intervenção.

Discussão: Demonstra-se que um programa de arte aplicado a uma equipa de saúde pode apresentar impacto na empatia percecionada pelos utentes, alertando para a possibilidade de criação futura de espaços de integração artística orientados para o ensino da empatia clínica nos cuidados de saúde primários. 

 

Referências

Cardoso RM. Competências Clínicas de Comunicação. 1st ed. Porto: Unidade de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; 2012.

Derksen F, Bensing J, Lagro-Janssen A. Effectiveness of empathy in general practice: a systematic review. Br J Gen Pract. 2013 Jan 1;63(606):e76–84.

Stepien KA, Baernstein A. Educating for empathy: A review. J Gen Intern Med. 2006;21(5):524–30.

Kelm Z, Womer J, Walter JK, Feudtner C. Interventions to cultivate physician empathy: a systematic review. BMC Med Educ. 2014;14(1):219.

Larson EB, Yao X. Clinical empathy as emotional labor in the patient-physician relationship. JAMA. 2005;293(9):1100–6.

Potash JS, Chen JY, Lam CL, Chau VT. Art-making in a family medicine clerkship: How does it affect medical student empathy? BMC Med Educ. 2014;14(1):1–9.

Graham J, Benson LM, Swanson J, Potyk D, Daratha K, Roberts K. Medical Humanities Coursework Is Associated with Greater Measured Empathy in Medical Students. Am J Med. 2016;129(12):1334–7.

Elder NC, Tobias B, Lucero-Criswell A, Goldenhar L. The art of observation: Impact of a family medicine and art museum partnership on student education. Fam Med. 2006;38(6):393–8.

Perry M, Maffulli N, Willson S, Morrissey D. The effectiveness of arts-based interventions in medical education: A literature review. Med Educ. 2011;45(2):141–8.

Mercer SW, McConnachie A, Maxwell M, Heaney D, Watt GCM. Relevance and practical use of the Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure in general practice. Fam Pract. 2005;22(3):328–34.

Macedo A, Cavadas LF, Sousa M, Pires P, Santos JA, Machado A. Empathy in Family Medicine. Rev Port Clin Geral. 2011;27:527–32.

Publicado

2020-02-08

Edição

Secção

Investigação