Empatia e arte – poderá um programa de arte numa unidade de saúde familiar influenciar a empatia percecionada pelos utentes?
DOI:
https://doi.org/10.35323/revadso.7112019132Resumo
Introdução: A empatia é uma técnica essencial na relação clínica, podendo ser treinada e aferida. Pensa-se que a exposição dos profissionais de saúde a programas de arte possa melhorar a empatia clínica percecionada pelos utentes; porém, desconhece-se qual a sua influência na comunicação com os utentes.
Objetivos: Avaliar a influência dum programa de arte na empatia percecionada pelos utentes relativamente aos profissionais de saúde duma unidade de saúde familiar e verificar a relação entre a empatia percecionada pelos utentes e as características sociodemográficas dos mesmos.
Métodos: Estudo quase-experimental, com avaliação pré e pós-intervenção, conduzido numa unidade de saúde familiar entre janeiro e julho de 2018. Utilizaram-se amostras de conveniência calculadas a partir da população inscrita na unidade de saúde familiar com idade igual ou superior a 18 anos. A intervenção, aplicada aos médicos e enfermeiros, consistiu num programa de arte constituído por três sessões referentes a cinema, literatura e fotografia. Para determinar a influência da intervenção, avaliou-se a empatia pré e pós-intervenção através do questionário “The Consultation and Relational Empathy” e dum questionário sociodemográfico. As associações entre variáveis foram testadas com testes não paramétricos (Mann-Whitney e Kruskal-Wallis) e correlação de Spearman, com um nível de significância de 0,05.
Resultados: Obtiveram-se 390 e 371 questionários antes e após a intervenção. Verificou-se um aumento estatisticamente significativo da empatia percecionada pelos utentes após a intervenção (p=0,001). As únicas associações estatisticamente significativas verificadas foram com a escolaridade (p=0,000) e situação profissional (p=0,0001) no período pré-intervenção.
Discussão: Demonstra-se que um programa de arte aplicado a uma equipa de saúde pode apresentar impacto na empatia percecionada pelos utentes, alertando para a possibilidade de criação futura de espaços de integração artística orientados para o ensino da empatia clínica nos cuidados de saúde primários.
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